Oficina do 28º Festival de Cinema de Vitória proporcionou formação em audiovisual para jovens do CRJ Feu Rosa

29/06/2022 18h37

A formação audiovisual foi um dos principais focos do 28º Festival de Cinema de Vitória – Reencontro, complementando a missão de difusão e valorização do audiovisual brasileiro. Nesse sentido, a oficina de Realização em Cinema e Vídeo, de Luiz Carlos Lacerda e Alisson Prodlik, é realizada há mais de 10 anos pelo festival. Nesta edição, a formação ocorreu entre os dias 20 e 25 deste mês, em parceria com o Centro de Referência das Juventudes (CRJ) Feu Rosa.

 

A atividade foi ofertada exclusivamente para jovens atendidos no CRJ Feu Rosa e que são moradores do entorno. A formação proporcionou à turma uma imersão completa no processo de produção audiovisual, englobando diversas áreas técnicas (câmera, produção, som e edição) e artísticas (roteiro, direção, direção de fotografia e arte). A partir desses aprendizados, os participantes tiveram a oportunidade de experimentá-los na prática, com a criação de um filme com autonomia para criarem as próprias narrativas. 

 

“Eles é que decidem, apenas oriento o roteiro. É sempre a partir das ideias e do desenvolvimento do roteiro deles. Dessa forma, eles podem aprender a decupagem, a nomenclatura dos planos, a utilização dramatúrgica das lentes, e levam esses conhecimentos para o resto da vida. Eles ocupam vários espaços, desde os que optam por dirigir, trabalhar imagens com fotografia, trabalhar no roteiro etc. Então, vão se encaminhando para esses departamentos e, às vezes, exercem várias funções. Essa polivalência completa o aprendizado de uma forma definitiva”, explicou o oficineiro Luiz Carlos Lacerda, um dos maiores cineastas do País. 

 

O diretor também destacou a qualidade dos trabalhos que resultaram da oficina. “O resultado desses filmes é sempre muito surpreendente, porque são poucos dias e a maioria das pessoas é inexperiente. O resultado foi muito bom. Teve um nível de resolução dramatúrgica ou documental, beirando o profissional. As ideias foram muito originais”, disse Lacerda. 

 

O legado da oficina, que já virou tradição do FCV, contribuiu com o incentivo e a formação de gerações de cineastas brasileiros. Nesse sentido, Luiz Carlos Lacerda lembra de cineastas como Gui Castor, Tadeu Vieira e Bernardo Leitão, que passaram pela oficina em outras edições, inspirando as carreiras deles. “É muito reconfortante você ver que de alguma maneira as oficinas serviram para confirmar a opção por fazer cinema, fazer vídeo. Na verdade, muita gente vem para aprender e acaba entusiasmada com o ato de fazer, e faz disso uma profissão”, comentou o cineasta.  

 

Exibição 

Na noite de encerramento do 28º Festival de Cinema de Vitória, os aprendizados absorvidos e experimentados pelos jovens atendidos pelo CRJ Feu Rosa resultaram no curta-metragem “Dá Pra Mim Que é Gol”, criado pelos alunos durante a oficina, e que foi exibido e aclamado pelo público do festival que lotou o teatro. Para abrir a sessão e celebrar os resultados da oficina, subiram ao palco do Teatro Glória, junto dos oficineiros, o presidente da ADESJOVEM, Gabriel Roccon, e o assessor especial Geovanni Lima, da Secretaria de Direitos Humanos (SEDH), além de participantes da formação. 

 

Gabriel Roccon celebrou a parceria do Festival de Cinema de Vitória. “Foi um encontro muito especial de dois projetos que já acontecem. Estamos executando uma das mais lindas políticas públicas para a juventude do Governo do Estado, e, em conversa com o festival, a gente conseguiu unir apoio e forças para poder realizar essa oficina dentro do espaço do CRJ”, destacou. 

 

Geovanni Lima comemorou o potencial do projeto na valorização dos projetos. "Para nós, da Secretaria de Direitos Humanos, é um prazer somar com o Festival de Cinema de Vitória, sobretudo porque o Instituto Brasil e Cultura e Arte acredita nessa política. A Secretaria de Direitos Humanos acredita que a cultura é um lugar para promover acessos, para que a gente garanta direitos. Convido todas e todos os realizadores que conheçam esse projeto, porque há potência na juventude”, pontuou. 

 

Uma das alunas participantes, a fotógrafa e produtora cultural Kelly Martins também destacou a forma como foi inspirada e enriquecida pela oficina. “Essa experiência foi algo novo para nossa juventude, que é bem carente e um pouco afastada desse mundo do audiovisual, pois esse tipo de oportunidade não costuma chegar no nosso território periférico. Hoje, eles têm uma perspectiva melhor sobre o que é o mundo do audiovisual e que a gente também pode estar ocupando esses espaços. Então foi muito enriquecedor”, disse.  

 

“O contato com os jovens foi emocionante, porque são pessoas socialmente carentes, mas que são atendidas por esse projeto fantástico, de uma magnitude social indescritível. E a relação com eles é impressionante, porque eles têm uma avidez no aprendizado melhor do que todo mundo, aprendendo naqueles dias coisas que serão essenciais para o resto da vida. Recebem aprendizados com um interesse acima do normal, um interesse muito grande”, complementou Luiz Carlos Lacerda.

 

Sobre os oficineiros

 

Luiz Carlos Lacerda: O cineasta, roteirista e produtor roteirizou e dirigiu cerca de 30 documentários sobre personagens da Cultura brasileira; 10 longas (de ficção e documentarios) entre eles os premiados Leila Diniz, For All, Viva Sapato! A Mulher de Longe, Introdução à Música do Sangue e O Que Seria Deste Mundo sem Paixão?; bem como séries para TV. Professor de Cinema na Universidade Estácio de Sá; Polo do Pensamento Contemporâneo; Grupo Nós do Morro; Escola Internacional de Cine de Cuba; Escola Darcy Ribeiro e Faculdade de Arte do Paraná. Realiza Oficinas no Festival de Vitória e em diversas mostras. 

 

Alisson Prodlik é diretor de fotografia de diversos longas, entre eles  Casa 9, A Mulher de Longe, A Música do Sangue, O Que Seria Deste Mundo sem Paixão?,  de Luiz Carlos Lacerda; Os Príncipes, de Luiz Rosemberg (Prêmio de Melhor Fotografia no CinePe); O Trem da Morte, de Salete Sirino; os curtas Humberto Mauro e Depois da Chuva, de Cavi Borges; e Passagem, de André Grossi (Prêmio de Fotografia no Festival da Lapa), e de diversas séries documentais e de ficção para a TV. Foi codiretor das séries Enciclopédia do Samba, Notícias de Lá e Interior/ Dia. Dirigiu o longa documental O Grande Reinado. 

 

O 28º Festival de Cinema de Vitória – Reencontro tem o patrocínio do Ministério do Turismo e da ArcelorMittal Tubarão, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Conta com o apoio da Rede Gazeta e da Stella Artois, além do apoio institucional do Canal Like e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), da TV Educativa do Espírito Santo (TVE). A realização é da Galpão Produções e do Instituto Brasil de Cultura e Arte (IBCA). O projeto é realizado com recursos públicos do Governo do Espírito Santo, viabilizados pela Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), da Secretaria da Cultura (Secult).

 

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