LICC: Inscrições abertas para pessoas com deficiência visual participarem da Orquestra Brasileira de Cantores Cegos

14/04/2023 10h10 - Atualizado em 17/04/2023 08h10

Quinze canções da tradição oral de várias regiões do Brasil vão dar o tom do espetáculo a ser apresentado pela Orquestra Brasileira de Cantores Cegos em novembro deste ano, no Sesc Glória, em Vitória. O projeto está em sua fase inicial e abriu inscrições a fim de selecionar 16 pessoas com deficiência visual para compor seu elenco. É importante que os interessados morem, preferencialmente, na Região Metropolitana da Grande Vitória.

Os interessados em participar têm até o dia 20 de abril para entrar em contato com a Associação Sociedade Cultura e Arte (Soca Brasil) pelo WhatsApp, no número (27) 99609-8181. Nesta primeira etapa, basta enviar uma mensagem de áudio no próprio aplicativo, cantando um trecho de qualquer música escolhida pela pessoa.

A partir dos áudios enviados, os candidatos serão pré-selecionados para participar de uma audição que acontecerá no dia 2 de maio, às 14 horas, na Casa da Música Sônia Cabral, em Vitória. A audição será conduzida pelo maestro, regente e cantor Thomas Davison, professor da Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames). Antes, no dia 26 de abril, Davison entrará em contato com os participantes para dar as instruções e informar a canção a ser avaliada no teste vocal.

Entre os meses de junho e novembro, o grupo selecionado participará dos ensaios, com as músicas do repertório, e da preparação técnica para o espetáculo. Durante os seis meses de realização do projeto, os participantes vão receber uma bolsa de R$ 400 por mês.

Todo esse empenho vai resultar na realização de três apresentações do espetáculo no Sesc Glória, em novembro, e os participantes selecionados receberão também cachê de R$ 300 por apresentação.

A Orquestra Brasileira de Cantores Cegos é fruto de uma iniciativa da Soca Brasil e do coletivo Cia Poéticas da Cena Contemporânea, com patrocínio da ES Gás, viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), da Secretaria da Cultura (Secult).

“A gente trabalha com inclusão e arte desde 2019, e todos os projetos que realizamos são fruto de uma pesquisa de convergência de linguagens e poéticas a partir da contribuição de pessoas com deficiência. Isso revela que essas pessoas, mais que serem qualificadas para atuar em um mercado de trabalho, por exemplo, são capazes de ir muito mais além, por meio da expressão artística”, afirma Rejane Arruda, que coordena o projeto.

Encenadora, atriz e cineasta, ela integra tanto a Soca Brasil quanto o Cia Poéticas da Cena Contemporânea, que foram responsáveis por iniciativas que tiveram um importante papel no processo de inclusão de pessoas com deficiência nas artes. Entre essas ações, destacam-se os projetos Cena Diversa Escola de Fotógrafos Cegos.

Repertório e arranjo

O espetáculo contará com 15 canções e arranjos de vozes acompanhadas por um piano. A pesquisa de repertório ficou sob responsabilidade de Renata Mattar, que percorre o Brasil inteiro registrando cantigas ancestrais, geralmente relacionadas a atividades de trabalho e de autoria desconhecida.

“As canções que compõem o projeto fazem parte da tradição oral popular brasileira. Foram transmitidas de geração a geração em diversos cantos do país, quase sempre por mulheres que cantam enquanto trabalham nas mais variadas atividades, capinando na roça, fazendo panela de barro ou costurando, entre outras. A Orquestra Brasileira de Cegos reverbera toda essa diversidade e a apresenta para muitas pessoas que ainda não conhecem”, conta Rejane Arruda.

Ela está à frente da direção cênica do espetáculo. A direção de arte, por sua vez, ficará a cargo de Marcelo Ferreira (também ator e bailarino da Cia Teatro Urgente). Os arranjos de voz e piano ficarão por conta da cantora e artista visual Tarita de Souza, que vai preparar para o espetáculo uma combinação do arranjo vocal com as composições corporais a serem executadas pelos atores da Cia Poéticas da Cena Contemporânea.

Os atores da Cia Poéticas da Cena Contemporânea estarão em cena, atuando como assistentes-videntes (“vidente” é o modo como a pessoa cega se refere a quem enxerga). Eles contracenam com os cegos, ajudam nos deslocamentos e assumem uma linguagem corporal nos espetáculos. A camada de composição corporal-espacial desses assistentes-videntes se constitui como linguagem cênica.

De acordo com Rejane Arruda, o projeto contribui para a valorização da diversidade cultural brasileira. “É o reconhecimento da beleza dessa diversidade. A partir desse trabalho, é possível perceber a importância da inclusão, que é um modo de partilhar a cultura. Pessoas com deficiência partilham a cultura. Elas vivem e transmitem a cultura como todas as outras pessoas. Por isso há beleza na diversidade e na inclusão”, afirma.

As apresentações

Em novembro, o teatro do Sesc Glória será o palco das três apresentações do espetáculo “Orquestra Brasileira de Cantores Cegos”, com entrada gratuita. Duas apresentações serão destinadas a alunos da rede pública, do ensino fundamental ao médio, passando pela Educação de Jovens e Adultos (EJA) – com oferta de ônibus para o transporte até o teatro.

“Como todos os nossos projetos são realizados por meio de políticas públicas de incentivo, todas as atividades são sempre inteiramente gratuitas. E temos ainda uma grande preocupação com a formação de público. Por isso, planejamos as apresentações voltadas aos estudantes da rede pública de ensino”, explica Rejane Arruda.



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