Coletivo Palavra Negra lança websérie e podcast com literatura afro-brasileira produzida no Estado

23/09/2021 12h47 - Atualizado em 23/09/2021 12h50

 

Proporcionar visibilidade para a literatura afro-brasileira, em especial a que se produz no Espírito Santo, e estimular o interesse de consumo por esta vertente literária: esses são alguns dos principais objetivos do Coletivo Palavra Negra, que comemora sete anos com o lançamento de dois novos projetos da websérie Palavra Negra: Entrevista e o Podcast Palavra Negra.

A websérie Palavra Negra: Entrevista estreia, nesta sexta-feira (24), como um programa de entrevistas com cinco escritores e escritoras de diversos gêneros literários, com exibição semanal. Será no canal oficial do coletivo Palavra Negra no YouTube. O projeto foi selecionado pela Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, do Ministério do Turismo, por meio da Secretaria da Cultura (Secult).

Participam do Palavra Negra os escritores Douglas Freitas, Gustavo Forde, Larissa Pinheiro, Lavínia Coutinho Cardoso e Marciel Cordeiro. Cada episódio da websérie conta slamers, como são chamados os poetas que participam de slams, as “batalhas de poesia”. Afronta, Ira, João Martins e Júpiter foram os slamers convidados.

No dia 3 de outubro, estreia o Podcast Palavra Negra, que reunirá bate-papos com outros autores e autoras sobre produção literária, relações raciais no país e histórias de vida. Serão ao todo 10 programas disponibilizados na plataforma Spotify. O Podcast Palavra Negra foi selecionado pelo Edital de Incentivo à Leitura da Secretaria da Cultura (Secult-ES).

Para o Podcast Palavra Negra, participam Edson Bomfim dos Santos, Jhon Conceito, Juane Vaillant, Marcéu Rosário, Osvaldo Oliveira, Stel Miranda e Wagner Silva Gomes, além da participação de Adriano Monteiro e Janio Silva.

A live de lançamento dos projetos acontece neste sábado, dia 25 de setembro, às 19h, no canal do Palavra Negra no YouTube, com a participação de integrantes do Coletivo e tendo como convidados o escritor e professor do Departamento de Línguas e Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras da Ufes, Jorge Nascimento; e pesquisadora e gerente de Educação do Campo, Indígena e Quilombola da Secretaria da Educação (Sedu), Valquíria Santos Silva.

Um dos fundadores do Coletivo Palavra Negra, o produtor Adriano Monteiro, entende que os projetos são complementares, com especificidades relacionadas à proposta estética e linguagem característicos de cada atividade. “Essas conversas, os encontros com esses autores e autoras, foi um momento muito importante e muito rico. Eu diria que inédito no Espírito Santo. Sua relevância está em termos conhecidos uma diversidade na produção de uma literatura de autoria negra e na qualidade dessa produção. Por outro lado, foi descobrir que principalmente as escritoras negras ainda têm dificuldades de publicar seu primeiro livro”, complementa.

A partir de uma pesquisa realizada pelo coletivo de escritores negros e negras residentes no Estado, o critério estabelecido de seleção era a publicação de ao menos um livro. Nesse sentido, os projetos conseguiram abarcar diversos gêneros literários, passando pela poesia, contos, romance, ensaios e trabalhos acadêmicos.

“Por meio do Palavra Negra promovemos o resgate de autores negros que foram invisibilizados através dos séculos pelo racismo estrutural da sociedade brasileira. É uma produção potente, relevante, que contempla nomes como Maria Firmina dos Reis, Lima Barreto, Carolina Maria de Jesus, Abdias do Nascimento, Solano Trindade, Carlos Assumpção. O processo de embranquecimento de Machado de Assis diz muito sobre como os autores negros foram invisibilizados durante todo esse tempo”, observa.

 

Trajetória

 

Fundado em 2014, o Coletivo Palavra Negra consiste em uma marca que une a produção artística e pedagógica com a proposta de difundir a literatura desenvolvida por escritores e escritoras negros. Sua atuação compreende as plataformas virtuais, com a utilização da linguagem audiovisual, e também as salas de aula, em consonância com a Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana nas escolas públicas e particulares.

Composto pelos artistas Adriano Monteiro, Daiana Rocha, Janio Silva e Maicom Souza, o Coletivo Palavra Negra estreou em 2016 a websérie homônima, exibida no canal do coletivo no YouTube, na qual jovens poetas negros e negras recitavam textos autorais e textos de autores esquecidos pela literatura hegemônica, que colocavam em discussão temas como o racismo, a mortalidade da juventude negra, o cotidiano das comunidades, a violência policial nas periferias e a desigualdade étnica, entre outras temáticas propostas diretamente para a reflexão. A primeira temporada contou com 28 episódios, e também homenageou as escritoras capixabas contemporâneas Suely Bispo e Elisa Lucinda. A websérie obteve projeção nacional e internacional, atingindo uma marca próxima a 200 mil visualizações no YouTube.

A segunda temporada, lançada em 2018, reuniu 18 episódios e algumas novidades que demonstraram a preciosidade do projeto. Foram selecionados quatro jovens artistas e poetas da Grande Vitória - Felipe Rocha, Jaiara Dias, Luiza Vitório e Winny Rocha -, além da presença de dois convidados especiais: a poeta, atriz, bailarina e pesquisadora Suely Bispo e o artista multimídia paulista Jairo Pereira. Eles recitaram poesias autorais e de poetas de várias regiões do Brasil, selecionados após uma convocatória nacional. Entre os textos escolhidos estavam autores da Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Pará, Pernambuco e São Paulo.

Em 2019, o Palavra Negra migrou do universo digital para as salas de aula, por meio do projeto Palavra Negra nas Escolas, também selecionado pelo Edital do Funcultura da Secretaria da Cultura. A iniciativa proporcionou a realização de diversas oficinas do Coletivo em escolas da rede pública estadual e municipal, localizadas em bairros de vulnerabilidade social, nos municípios da Grande Vitória. “Nas oficinas trabalhávamos um pequeno histórico da literatura afro-brasileira ou da literatura negra no Brasil, com algumas curiosidades, mostrando como o racismo é tão naturalizado em nosso cotidiano. Também fazíamos dinâmicas de escrita criativa com os alunos e no final um pequeno sarau com a turma”, lembra Adriano. Outras ações nesse sentido estão sendo preparadas para 2022. Dessa forma, o Coletivo Palavra Negra cumpre seu objetivo de promover a representatividade negra nos âmbitos social, cultural e educacional.

Confira:

Websérie Palavra Negra: Entrevista
Datas:
24 de setembro (estreia), 01, 08, 15 e 22 de outubro
Horário:
19h
Onde assistir
: Canal do Palavra Negra no YouTube (https://www.youtube.com/channel/UCYBM3V8lfVoTO_NzuOKVZFw)

Live de Lançamento
: 25 de setembro, às 19h, no canal do Palavra Negra no YouTube.

Fonte: com informações Assessoria de Imprensa JRSN

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