Conquistar uma vaga no mercado de trabalho é um dos desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIA+, sobretudo no caso de pessoas transgênero. Os altos índices de evasão escolar, decorrentes de situações de violência sofridas por estudantes desse grupo, colocam obstáculos para a capacitação dos jovens, sendo um dos fatores que restringem o acesso às oportunidades de emprego e empreendedorismo para aqueles que chegam à fase adulta.

De acordo com dados levantados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), somente 4% da população trans feminina se encontra em empregos formais, com possibilidade de promoção e progressão de carreira, e 6% estão em atividades informais e subempregos. Cerca de 90% da população de travestis e mulheres transexuais utilizam a prostituição como fonte de renda.

Iniciativas que transformam vidas

Moradora de Cariacica, na Região Metropolitana da Grande Vitória, a capixaba Kaylla Silva, mulher trans, conseguiu transformar a vida dela a partir de uma oportunidade do Centro de Referência das Juventudes (CRJ) do município, equipamento do Governo do Estado do Espírito Santo, que integra o eixo social do Programa Estado Presente em Defesa da Vida, coordenado por meio da Secretaria de Direitos Humanos (SEDH).

No Estado, são 14 CRJs instalados em dez municípios capixabas. O objetivo é contribuir para a redução dos elevados índices de crimes violentos (homicídios e roubos) entre jovens de 15 e 29 anos, nas regiões de maior vulnerabilidade social e, historicamente, mais atingidas pela violência. O CRJ Cariacica, onde Kaylla Silva trabalha, por meio de parceria com a SEDH, é administrado pelo Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Social (CIEDS).

Segundo Kailla Silva, de 18 anos, o CRJ trouxe novas perspectivas e uma possibilidade concreta para fugir da prostituição. Ela atua como articuladora do CRJ há quase um ano. Antes de ser empregada, ela participou de cursos ofertados pelo Centro de Referência, como Comunicação Oratória, Direitos Humanos, Ética Trabalhista e Formação para o Mercado de Trabalho.

Após fazer os cursos e concluir o Ensino Médio, Kailla Silva conseguiu o primeiro emprego, no CRJ, gravou a primeira música e já planeja o lançamento do clipe, que começa a ser produzido em março. Além disso, ela pretende voltar à Escola Técnica de Rádio e TV, que começou a cursar, mas precisou interromper. Entre seus planos, está também inspirar outras pessoas trans e abrir caminhos para que novas histórias sejam contadas.

“Eu fico feliz por mim, pois consegui romper um ciclo que muitas pessoas trans, como eu, ainda não conseguiram romper. Fico feliz por mim, mas triste pela maioria de nós. Então, eu quero poder ampliar essas oportunidades”, disse Kailla Silva.

Desde a implantação, o CRJ Cariacica incluiu ações para a comunidade LGBTQIA+, promovendo oficinas e criando estratégias para garantir acolhimento, acesso e oportunidades a esse público. Aos 26 anos, o coreógrafo e educador social Jadson Titanium, que é trans não binário e atua no CRJ de Cariacica como responsável pelo processo formativo dos jovens, explica que “é fundamental fomentar, articular e potencializar a juventude nesse espaço, e incluir a diversidade nesse processo foi, desde o início, uma prioridade”, comentou.

O objetivo do espaço, que é composto por uma equipe interdisciplinar, é acolher a juventude e ofertar gratuitamente cursos, oficinas de geração de renda, disponibilizar computadores e internet e promover atividades esportivas aos jovens. Por mês, cerca de 800 jovens são atendidos no CRJ Cariacica. O CIEDS também faz a gestão do CRJ Novo Horizonte, em Serra.

De acordo com dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais e do Instituto Brasileiro Trans de Educação (IBTE), o Espírito Santo é o 6º estado onde mais se matam pessoas trans no Brasil.

A secretária de Estado de Direitos Humanos, Nara Borgo, enfatiza o trabalho realizado por meio dos CRJs com as juventudes. “Os CRJs são ambientes abertos, coletivos e acolhedores, que recebem as juventudes em toda a sua diversidade, com atenção e cuidado. Esta integração é resultado de uma política que respeita as diferenças e promove a inclusão”, pontuou.        

Sobre o CIEDS

O CIEDS, o Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável, desenvolve tecnologias sociais que geram mais renda, mais saúde, melhor educação e, acima de tudo, confiança no futuro. Atua construindo redes de parceiros estratégicos comprometidos com um Brasil melhor para todos.

Com foco em gestão de excelência, em 25 anos de história, foram mais de 600 projetos realizados, 3.900 comunidades atendidas, 2,2 milhões de beneficiários diretos e mais de 700 parceiros envolvidos. Entre 200 organizações sociais avaliadas, o CIEDS conquistou a primeira posição no ranking Brasil 2023 do thedotgood, e a 48ª posição na classificação global, sendo a única organização da América Latina entre as 50 mais relevantes do mundo.

Com informações da Assessoria de Comunicação do Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Social (CIEDS).

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